segunda-feira, 20 de abril de 2020

Até a poesia voltar



A poesia em mim parou
A poética do meu eu,
feita de esperança e força, brecou
Letárgicos estão os meus sentidos
Ao meu lado, todos gritam:
Vai ficar tudo bem!
Mas no país dos ansiolíticos,
O som deste acalento é de ilusão.
Eu sei.
Não irá ficar tudo bem.
Não agora.
Não sem luta.
É preciso lutar.
Ficar bem é conquista, não é dádiva.
Deus não vai dá.
Vitória não se dá.
Busca-se.
O movimento derruba a inércia
Os inimigos da poesia nos querem inertes
Estes mesmos: os algozes da vida
Os urubus encarniçados
Os cavernícolas, que não se tornaram humanos
Mataram suas próprias almas e se alimentam da morte
Perambulam, nem vivos , nem mortos
Parasitas da vida alheia
Desperdício de ossos, carne e sangue
É preciso derrotá-los.
Só assim, a vida volta.
A poesia volta.
Vencer a paralisia e trazer a vida de volta.